terça-feira, 3 de dezembro de 2013

JACQUES NA ESTRADA DE FERRO CURITIBA-PARANAGUÁ

Segundo a tradição familiar, Jacques Robert teria trabalhado na construção da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, que liga o primeiro planalto ao litoral, cerca de 100 km. de distância.

Como já citado, não foram encontradas referências ao sobrenome Robert na Inventariança da RFFSA. Jacques Robert, filhos e netos, provavelmente foram empregados na "Société Anonyme de travaux Dyle et Bacalan", na "Compagnie Générale de Chemis de Fér Brésiliens”, em alguma empreiteira ou sub-empreiteira.

A construção da estrada foi dividida em três frentes de trabalho, iniciadas quase simultaneamente em 1880. Não se sabe em qual ou quais destes trechos Jacques Robert trabalhou.
Posso palpitar ? Pela atividade profissional de Jacques Robert na França, mineiro, acho grande a probabilidade dele ter trabalhado na abertura de túneis, já que esse profissional era bastante requisitado para esse trabalho também nas ferrovias. "A falta de mineiros, por exemplo, aparecia com frequência entre as queixas dos engenheiros". Lamounier, M.L. - Ferrovias e ..., pg. 187. Cabendo-lhe, então, o segundo trecho da obra. Palpite dado.
Mapa do segundo trecho - mapa completo e mais informações aqui

A primeira frente com 42 km entre Paranaguá e Morretes era “alagadiça, insalubre e cheia de manguezais”, foi inaugurada em 17 de novembro de 1883.


cicatrizes na serra provocadas pela construção da estrada, a esquerda viaduto do Carvalho

O segundo trecho com 38 km, entre Morretes e Roça Nova , a transposição da Serra do Mar, o trecho de construção mais difícil e desafiador, “maravilhosa obra, que sem dúvida, é a glória da engenharia brasileira”.


Foto daqui

Abertura do túnel 1 no Pico do Diabo, foto daqui

detalhe

Corte no Cadeado, essa foto e a anterior do blog de Paulo José da Costa

O terceiro e último trecho, já no planalto curitibano.


Piraquara, no planalto curitibano

A construção da ferrovia teve início com o levantamento topográfico. A seguir pela abertura da picada pela mata atlântica, pelo desmatamento propriamente dito, destocamento, terraplanagem com cortes e aterros, transposição de bueiros, pontes e pontilhões. Por último a colocação de dormentes e trilhos.

Começou com 4.000 homens, mas logo foram contratados outros 5.000, num total de 9.000 homens. Pelas adversidades do clima e geografia, pelo calor e umidade, pelos pântanos e serras, pelas doenças endêmicas como febre amarela, tifo e malária, pelos acidentes, 1/3 desse total estava sempre  recuperando a saúde.

A maioria deles morava em Curitiba e eram lavradores, como Jacques Robert.

A estrada inteira foi entregue ao tráfego regular dia 05 de fevereiro de 1885, cinco anos após o início de sua construção.

Sua extensão  é de 110,915 km., possui várias obras de arte, entre elas 15 tuneis, 28 pontes metálicas e 4 viadutos, de onde se destaca a ponte São João, a mais conhecida com 4 vãos e altura de 55 metros, o Viaduto Carvalho, assentado sobre 5 pilares de alvenaria na própria rocha e com 5 vãos e o Túnel Roça Nova com 457 metros de comprimento.

Um pouco sobre a vida dos trabalhadores na construção, leia aqui.

Sobre as fotos: Em 1883, Marc Ferrez fotografou a ferrovia Curitiba-Paranaguá durante sua construção. Esse pequeno album com 14 fotos foi presenteado ao Imperador D. Pedro II e faz parte da Coleção Thereza Cristina da Biblioteca Nacional. Para ver essas lindas fotos clique aquiaqui e aqui.

Outras lindas fotos, do fotografo Artur Wischral, do ano de 1929, clique aqui.


Quatro álbuns fotográficos da estrada em épocas diferentes, Ferres, Kopf, Wischral e Hegenberg, clique aqui.

Site muito legal sobre a construção da estrada, com muitas informações e fotos, aqui.

Quer passear nessa ferrovia ? Atualmente a concessão é da ALL, a responsável pelo passeio turístico é a Serra Verde Express.

Viaduto do  Carvalho, daqui


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