terça-feira, 28 de julho de 2015

A VIAGEM DA FAMILIA SIGGIA


A família de Giuseppe Siggia embarcou no porto de Nápoles, no navio San Gottardo, em 16.09.1897, com mais 904 italianos (total 912 imigrantes). Chegou ao porto de Santos em 08.10.1897, 22 dias depois. Giuseppe mais a mulher Calógera, mais 5 filhos entre 3 e 20 anos, entre eles Agnesa, e mais uma sobrinha de 23 anos. 

A sobrinha Rozario Siggia pode ser esta aqui, nascida em Siculiana dia 7 de novembro de 1873, filha de Maria Latera e Serafino Siggia.

Desembarque da família no porto de Santos (parte):



Veja a lista completa aqui, os Siggia estão na pg 18. Nesse mesmo navio vieram 5 famílias de Siculiana, entre elas Gagliano, Graceffo, Tacci, ... cerca de 30 pessoas.


sem data, o navio San Gottardo chegando em Santos

1939 - Lasar Segall - Navio de imigrantes - aqui
" ... a partir de 1885 o número de italianos procurando passagem para o Rio de Janeiro ou Santos começou a se tornar importante, o que levou muito naturalmente as poucas armadoras italianas a fazerem escalar mais freqüentemente seus navios nesses dois portos. 
Em 1888, a La Veloce estabeleceu uma linha específica para o Brasil, servida por quatro vapores de pequenas dimensões: o Carlo R, o Fortuna R, o Regina e o San Gottardo." Daqui

Mais sobre o vapor San Gottardo, leia aqui e aqui.

Quer saber como eram as viagens transatlânticas desses imigrantes para o Brasil ? Clique aqui, livro de Angelo Trento, "Do outro lado do Atlântico",  procure pg. 44 e seguintes.

Desembarcaram. Olha o Giuseppe lá .... no meio da multidão, olhando pra esposa Calógera, contando as crianças, assustado com o calor abafado e úmido ....

De  Santos, numa maria-fumaça da The São Paulo Railway Company, a família subiu a serra. Já em São Paulo, se instalou, num primeiro momento, na Hospedaria dos Imigrantes, na Estação Braz. O check-in na hospedaria está aqui, o original aqui (em vez de Gioberto, leia-se Giacinto !!).



A Hospedaria dos Imigrantes foi construída pela Sociedade Promotora de Imigração, essa mesma sociedade foi responsável pela construção de um ramal ferroviário, a estação Braz que era exatamente ao lado da própria Hospedaria. 

Ela recebia os recém chegados, era misto de pouso e agencia de empregos. Os imigrantes eram assediados por todos os lados pelos representantes dos grandes fazendeiros de café do interior paulista, que buscavam a mão de obra mais barata possível para seus patrões. 

Para saber mais sobre a Hospedaria dos Imigrantes de São Paulo, clique aqui e aqui.

Outras fotos da hospedaria, aqui.

O site do Museu da Imigração, que está localizado no prédio da Hospedaria, é este aqui.  Se você ainda não conhece o Museu, sugiro um passeio ... vale a pena !!!


Hospedaria dos Imigrantes, SP, 1905, Wikipedia





Organograma sem data, disponibilizado por
O. Massucato no grupo Facebook Memória Paulista


terça-feira, 21 de julho de 2015

SICULIANA



Siculiana é localizada na parte oeste da ilha da Sicília, tem cerca de 40 km² e atualmente cerca de 4.600 habitantes. Quando os nossos imigraram (1897) eram perto de 7.000.  

Lugar de achados arqueológicos datados do paleolítico, vestígios árabes (Suq-al-Jani significa mercado do João),  lugar mítico de gregos (a Camico do rei siciliano Cocalos), celeiro dos romanos (Siculi Janua, porto da Sicília). A construção mais antiga da cidade é o Castelo de Chiaramonte, do séc. XIV, construído sobre ruínas árabes, ao redor do qual se formou o feudo e a cidade. Leia mais aqui e aqui.


Prá quem não conhece (Eu !!!) eis o Castelo Chiaramonte,  que com certeza os Siggia e os Cosentino conheceram ....


Está vendo aquela pontinha do lado direito da foto panoramica (a segunda foto) ? É a Chiesa di San Leonardo Abate, em cujo interior se encontra a capela dedicada à Santa Cruz, padroeira da cidade. Provavelmente a igreja onde foram batizados Agnese e seus irmãos, os Siggia mais velhos,
alguns Cosentinos ..... (a confirmar).


Santuário Santíssimo Salvatore Crucifix (séc. XVII), para saber mais clique aqui.

Esses devotos italianos .... minha trisavó Calógera (mãe de Agnesa Siggia Capozzi) teve uma irmã com nome de Maria Crocefissa !!

Foto da Igreja daqui.


Em todo o caso, para saber mais sobre a cidade veja na Wikipedia, que também traz alguma coisa sobre os mafiosi. Siculiana é a cidade de origem do clã Cuntrera-Caruana da Máfia Siciliana (Cosa Nostra). Um pouco mais, leia aqui. Outras fotos da cidade aqui.

Um dos distritos de Siculiana, é a região costeira Siculiana Marina, veja algumas fotos aqui.


Fotos; daqui, da Wikipedia, daqui e daqui.


terça-feira, 14 de julho de 2015

OFÍCIOS EM SICULIANA


Em Siculiana, na Sícilia, quase todos meus ancestrais pesquisados viviam na região urbana e exerciam os mais variados ofícios.  Não eram camponeses, atividade que certamente, em algum momento anterior, a família já tinha exercido. 

Calógera Cosentino Siggia, a mãe de Agnese Siggia Capozzi, era filatrice (fiandeira). A fiação pode ser feita com o fuso ou com a roca. Não sei com qual instrumento as mulheres Siggia faziam fios .... penso na maior probabilidade de ser usado o fuso .... 

Não apenas ela exercia essa atividade, também suas cunhadas, Maria Antonia Santalucia e Vicenza Geraldi e mais sua parente Maria Latera eram filatrices. Acredito que era uma atividade bastante comum entre as mulheres com crianças, já que podia ser exercida em casa.
"As mulheres camponesas fiavam e teciam a lã, para satisfazer as necessidades da família e, em certas regiões mais marcadas pela economia mercantil, para os comerciantes de lã das cidades" J. Le Goff, O Homem Medieval
Será, no caso de Calógera, irmãs e cunhadas, um resquício da vida rural ??

Foto daqui


foto via Flickr

foto daqui

do álbum Antichi Mestieri di Sicilia,
  grupo La Sicilia, FB

Para saber um pouco mais sobre a arte de fiar, clique aqui e aqui. Quer saber como se usa um fuso ? Veja aqui:


O marido de Calógera, Giuseppe Siggia, era muratore (pedreiro). Também o pai de Giuseppe, Giacinto Siggia, era pedreiro.


Muratore, por Giovanni Sottocornola, 1891, Milão, Galeria d'Itália, daqui.

Salvadore Cosentino (pai de Calógera Cosentino e avô de Agnesa Capozzi) e seus filhos Calógero e Emmanuele Cosentino (este último também imigrou para o Brasil) eram calzolaios (sapateiros). Naquela época, o sapateiro confeccionava calçados.

Foto daqui

Apesar de, nesse caso, exercerem pequenos ofícios em região urbana, quanto mais antiga a árvore de costado, mais camponeses encontrarei. Ou seja, provavelmente a maioria dos avós e bisavós de Giuseppe Siggia e Calógera Cosentino eram do campo, contadinos







terça-feira, 7 de julho de 2015

A MAE DE AGNESA, CALÓGERA COSENTINO



Calógera Cosentino nasceu em 1851, também em Siculiana. Era filha de Salvatore Cosentino e Maria Modica que casaram em Siculiana  dia 29 de outubro de 1839, veja aqui

Esse casal teve pelo menos dez filhos, para ver alguns documentos clique aqui.

Angela, nascida em 20 de setembro de 1840 e falecida em 19 de agosto de 1841,

Calógero, nascido em 24 de junho de 1842, casou com Vicenza Geraldi em 19 de agosto de 1875, veja aqui. Com Vicenza teve pelo menos um filho, Salvatore Cosentino dia 30 de agosto de 1876, veja aqui.

Angela, nascida em 9 de agosto de 1845,

Emmanuele, nascido em 25 de dezembro de 1847, que imigrou para o Brasil, falaremos dele em outro artigo,

Biaggio, nascido em 21 de janeiro de 1850, veja aqui

Calógera, nascida em 1851, minha trisavó, que imigrou para o Brasil com o marido Giuseppe Siggia  e filhos,

Maria Crocefissa, nascida em 2 de maio de 1854,

Maria Assunta, nascida em 14 de agosto de 1857, provavelmente faleceu precocemente,

Maria Assunta, nascida em 21 de agosto de 1859,

Carmelo, nascido em 10 janeiro de 1861 e falecido em 21 de dezembro de 1861,

Assunta, nascida em abril de 1866, veja aqui.


Em 29 de junho de 1871, Calógera Cosentino casou com Giuseppe Siggia em Siculiana, veja aqui.


"L'anno mille ottocento setenta uno il di venti nove del mese giugno alle ore otto promediane nella casa de Calógera Cosentino cita nella strada Biagge (?) ...noi, Gerlando Moscato e officiale de l'Estato Civile de comune de Siculiana ... per procedere alla celebracione del matrimonio ... Giuseppe Siggia e Calógera Cosentino la quale      per tutto ...il certificato medico ... de una parte ...Giuseppe Siggia, celibe, de anni trentatré, muratore, nato, domiciliato e residente In questa comune ...figlio de Giacinto defunto muratore (pedreiro), domiciliato allora qui ...e de Agnesa Gagliano, filatrice, domiciliata in questa ...dall otra parte Calógera Cosentino, de anni venti, celibe, filatrice, nata, domiciliata e residente qui, figlia di Salvatore defunto calzolaio (sapateiro), domiciliato allora qui e de Maria Modica domiciliata com ella eguale ... a la presence de testimo    indicare que ... alla publicacione del matrimonio"
(A transcrição acima é de parte do registro do casamento de Calógera e Giuseppe, feita por mim, portanto, passível de muitos erros !! Se você tiver mais habilidades com o idioma italiano, aceito toda contribuição ! )

Para saber sobre os filhos de Calógera Cosentino e Giuseppe Siggia, clique aqui e aqui.

Para saber um pouco sobre Giuseppe Siggia, marido de Calógera, clique aqui (postagem anterior).

Ela imigrou para o Brasil em 1897 com o marido, os filhos e mais uma sobrinha, veja aqui. No Brasil passou a ser conhecida como Luiza.

Antes de 1909, seu marido Giuseppe voltou para Itália, onde morreu. Assim como a filha Agnesa Capozzi e família, Calógera mudou para São Paulo. Talvez acompanhando algum dos filhos, talvez sozinha (a pesquisar).

Ela faleceu na cidade entre os anos de 1932-1938 (a pesquisar), tendo sido sepultada no cemitério do Brás.

Para desembaralhar os miolos, olhe o gráfico abaixo:


Até onde pesquisei a família de Calógera Cosentino, NÃO era de Siculiana até a raiz !! Falaremos sobre isso em outros artigos.