terça-feira, 11 de agosto de 2015

COMO ERA VIVER NUMA FAZENDA DE CAFÉ ? PARTE 1

Não devia ser fácil, não !

Em primeiro lugar, muitos imigrantes não eram de origem rural. Como o nosso Giuseppe Siggia que era pedreiro e seu cunhado Emanuelle Cosentino que era sapateiro ... eles não deviam ter muita intimidade com a roça. 

A estrutura e a organização do dia a dia eram completamente diferentes da que estavam acostumados.
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Quando chegavam, os colonos firmavam um contrato com os proprietários, onde cada família de imigrantes deveria cuidar em média de 5.000 pés de café. Para famílias numerosas e com homens jovens era mais fácil ...  Para isso recebiam um pagamento.  Na época da colheita das cerejas existia um segundo pagamento, nessa época toda família trabalhava, inclusive as mulheres e crianças. O pagamento era feito por alqueire de grãos coletados. Os imigrantes também recebiam pagamento a parte caso trabalhassem no beneficiamento ou transporte do café.


Colono recebendo pagamento, foto do livro de Holloway.

Os fazendeiros permitiam o cultivo de milho, feijão, arroz, batatas, ... e também alguma criação, para consumo próprio. Se houvesse excedente, alguns fazendeiros permitiam que repassassem  para as "vendas" da região. Mesmo assim, em alguns casos, os imigrantes estavam sujeitos a ...
"dependência econômica do Armazém da fazenda e consequentes endividamentos progressivo, falta de assistência médica ou religiosa, proprietários e administradores despóticos e isolamento imposto pelo regime de trabalho." Truzzi
Os lavradores anteriores eram os escravos que  recebiam um tratamento bastante desumano. Porém, alguns fazendeiros, acostumados, tratavam o imigrante da mesma forma, o que gerava  problemas.
"Em um dos episódios mais sérios e de ampla repercussão na colônia italiana, o próprio irmão do presidente Campos Salles tombou sem vida após a reação de um colono que procurara defender sua família das investidas do administrador contra sua irmã, em uma fazenda em Analândia no ano de 1900." Truzzi
Essas dificuldades faziam com que os imigrantes mudassem de fazenda (será que algum dos nossos mudou ?), mudassem para um centro urbano (Ah!  Sim, isso eles fizeram), mudassem de país (Argentina, por exemplo, não, isso não fizeram), ou retornassem à velha pátria (Isso fez nosso trisavô Giuseppe Siggia).


Café, de Portinari, natural de Brodowski na região de Ribeirão Preto, acervo MNBA no Rio de Janeiro.

A primeira foto é daqui

Fontes:

Holloway, Thomas - Imigrantes para o café, 1984, Paz e Terra.

Truzzi, Oswaldo - Identidade étnica entre italianos no mundo rural paulista, 2013, disponível online em pdf, aqui


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