terça-feira, 24 de novembro de 2015

CORSÁRIOS E PIRATAS

Para conhecer um pouco sobre a prática do corso (e da pirataria também) nas águas do Mar Mediterrêneo :

Piratas ou corsários são geralmente associados a ingleses e franceses em busca da prata peruana ou de fortunas caribenhas. No entanto, há que se diferenciar a pirataria do corso, e também o tipo de butim das costas americanas e do Mediterrâneo.

Depois das Guerras Santas e das várias Cruzadas, estabeleceu-se no final do séc. XVI o controle muçulmano no sul do Mediterrâneo e o critão no norte. O leste mediterrâneo estava dividido entre os turcos do Império Otomano e pequenos enclaves cristãos.

Os corsários agiam em períodos de guerra e  tinham licença real para praticar o butim (saque), ou seja, o butim era autorizado legalmente e por isso deviam dividi-lo com a Coroa em questão. Era uma maneira de financiar a guerra. Eles tinham autorização real para praticar o saque em navios e aldeias costeiras. Os piratas não tinham essa licença, eram independentes, e portanto o butim pertencia apenas a eles. No final, o serviço era o mesmo ...


Os ataques eram mútuos e generalizados, não apenas contra "inimigos" de outras raças e religiões. Há noticias de incursões realizadas no séc. XVI por piratas da Messina (Sicília) sobre as costas da Calábria e Campânia.

Qual era o butim ? 

Uma das diferenças básicas entre os corsários e piratas do Mediterrâneo e de outros mares era o tipo de butim. Enquanto nos outros mares se buscava mercadorias e bens como jóias, ouro e prata, os corsários e piratas do Mediterrâneo buscavam além disso e principalmente, a carga humana,  as pessoas, passageiros, tripulação ou habitantes das vilas saqueadas, para a escravidão ou pedido de resgate. Os escravos eram importantes para os muçulmanos para abastecer os haréns dos paxás, para remarem nas galés, ... e para os europeus mediterrânicos para trabalharem nas lavouras.


Acima, um mercado de escravos na Algéria, 1684, daqui

Desde a antiguidade até meados do séc. XIX, o comércio de escravos foi um fenômeno de grandes proporções em toda a área do Mediterrâneo e foi alimentado por um mercado criado pela exploração de um grupo étnico por outro mais fraco.

A partir do séc. XVI, na Europa, há um aumento significativo da população e o trabalho de baixo custo nas regiões agrícolas e rurais tornou-se essencial.


A escravidão tinha também um inescrupuloso pretexto religioso. A fé islâmica justificava seu comportamento apoiando-se numa espécie de direito de escravizar os infiéis cristãos na tentativa de converte-los ao Islã. Por outro lado, os cristãos justificavam a escravização dos bárbaros procurando sua conversão ao cristianismo, quase sempre depois de capturá-los ou comprá-los, obrigava-os a se batizarem, dando-lhes um nome cristão. Existem documentos da Igreja Católica, em especial uma bula de Inocêncio III, que regulava o fornecimento de alimentos a vilas bárbaras em troca do batismo cristão de escravos de fé islâmica.

O corso e a pirataria no Mediterrâneo estavam intimamente relacionados à escravidão, o que não impediu as grandes trocas comerciais e sociais entre as sociedades cristãs e islâmicas. Na Europa, a escravidão sobreviveu até as primeiras décadas do séc. XIX, a prática foi aos poucos entrando em desuso. Em 1812 uma sentença determinou que a opção pelo batismo católico tornava o escravo um liberto que passava, então, à condição de servo.



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